Quando ele sorri desarmado, limitado
e impotente, para todas as minhas dúvidas, inconstâncias e chatices, eu sei que
é daquele sorriso que minha alma precisa. Ele não faz muito pela minha angústia
existencial, até por não saber. E consegue tudo de mim. Consegue até o que ninguém nunca
conseguiu: me deixar leve.
Ai voce se pergunta: Te faz se sentir
leve como?! Sabe rir mole de bobeira? Sabe dançar idiota de alegria? Sabe
dormir gemendo de saudade? Sabe tomar banho sorrindo para a sua pele? Sabe
cantar bem alto para o mundo entender? Sabe se achar bonita mesmo de pijama e
olheiras? Sabe ter fome de mundo segundos depois de falar com ele? Sabe não
aguentar? Sabe sobrevoar o frio, o cinza, os medos, os erros e tudo que pode
dar errado? É ele me faz sentir tudo isso de um jeito “leve”.
Eu queria parar com tudo isso, ele é
um cara que não pode acompanhar minha louca linha de raciocínio meio poeta,
meio neurótica, meio madura. Mas ainda assim eu o desejo tanto.
E ama-lo não é fácil, é quase o
anti-amor. É muito quase como se ele nem existisse, porque só o homem perfeito
mereceria tanto sentimento. E eu o anulo o tempo todo dizendo para mim,
repetindo para mim, o quanto ele falha, o quanto ele fraqueja, o quanto ele se
engana. E fazendo isso, eu só consigo ama-lo mais ainda.
E a gente vai por aí, se completando
assim meio torto mesmo. E Deus escrevendo certo pelas nossas linhas
que se não
fossem tão tortas, não teriam se cruzado (…)