"Mas gosto, gosto das
pessoas. Não sei me comunicar com elas, mas gosto de vê-las, de estar a seu
lado, saber suas tristezas, suas esperas, suas vidas. Às vezes também me dá uma
bruta raiva delas, de sua tristeza, sua mesquinhez. Depois penso que não tenho
o direito de julgar ninguém, que cada um pode — e deve — ser o que é, ninguém
tem nada com isso. Em seguida, minha outra parte sussurra em meus ouvidos que
aí, justamente aí, está o grande mal das pessoas: o fato de serem como são e
ninguém poder fazer nada. Só elas poderiam fazer alguma coisa por si próprias,
mas não fazem porque não se vêem, não sabem como são. Ou, se sabem, fecham os
olhos e continuam fingindo, a vida inteira fingindo que não sabem."