“Mas você
não vê. Não vê, não enxerga, não sente. Não sente porque não me faz sentir, não
enxerga porque não quer. A mulher louca que sempre fui por você, e que mesmo
tão cheia de defeitos sempre foi sua. Sempre fui só sua. Sempre quis ser só
sua. Sempre te quis só meu. E você, cego de orgulho bobo, surdo de estupidez,
nunca notou. Nunca notou que mulheres como eu não são fáceis de se ter; são
como flores difíceis de cultivar. Flores que você precisa sempre cuidar, mas
que homens que gostam de praticidade não conseguem. Homens que gostam das
coisas simples. Eu não sou simples, nunca fui. Mas sempre quis ser sua. Você,
meu homem, é que não soube cuidar. E nessa de cuidar, vou cuidar de mim. De
mim, do meu coração e dessa minha mania de amar demais, de querer demais, de
esperar demais. Dessa minha mania tão boba de amar errado. Seja feliz.”
- Caio
Fernando Abreu.
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